A secretária nacional de Mulheres do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Ângela Albino, foi a entrevistada do quadro “Sala de Entrevista”, do telejornal Portal da Assembleia, da TV Assembleia, edição desta quinta-feira (28). Ela falou, entre outros assuntos, sobre políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher e os eventos com mulheres que coordenará, os quais serão realizados nesta quinta-feira (28), na Assembleia Legislativa do Maranhão.
Ângela Albino, que é catarinense e já exerceu os cargos de vereadora, deputada estadual e deputada federal, enfatizou que tem um xodó especial pelo que está se vivenciando no Maranhão, especialmente no que diz respeito ao combate à violência contra as mulheres.
“Venho de um estado onde o índice de feminicídio aumentou em 68% e, aqui no Maranhão, se conseguiu reduzir pela metade. Aqui se mantém a Casa da Mulher Brasileira aberta. Por isso, que temos muito o que aprender com o Maranhão. Queremos beber desse resultado muito positivo e compartilhar experiências”, frisou.
Ambiente de intolerância
Segundo Ângela Albino, o Brasil vive um clima de muita intolerância e instabilidade política e econômica. “Esses três cenários conjugam-se para deixar ainda mais vulnerável as condições das mulheres. No campo econômico, aumentou ainda mais o nível de informalidade do trabalho feminino”, analisou.
Para Ângela, o aumento do índice de violência contra as mulheres está diretamente ligado a uma ideia de posse, de propriedade “e de uma postura de masculinidade muito distante do que nós achamos que é necessário para uma visão de igualdade entre homens e mulheres e que possam viver plenamente seus direitos. A violência atinge as mulheres em geral, sejam as mais empobrecidas ou nos locais mais distantes do país. Mas, também, atinge a mulher rica, que mora, por exemplo, no Leblon (RJ). Ou seja, em qualquer lugar do país as mulheres são vítimas de violência”.
Desestruturação
“Tenho insistido que a questão da violência contra as mulheres não é simplesm assim. Ela é mãe de outras violências. Por exemplo, as crianças que vivem em lar onde aconteceu o feminicídio, ficam desestruturadas para sempre. Ambientes domésticos de violência tendem a construir personalidades violentas no futura”, defendeu Ângela Albino.
Lei Maria da Penha
Ângela Balbino disse que a Lei Maria da Penha mostra que dispositivos legais, que demonstram uma vontade política de superar a violência, podem dar uma grande contribuição para se superar a violência contra a mulher. “A Assembleia Legislativa do Maranhão deu um belo exemplo esta semana, quando aprovou lei que proíbe a contratação e nomeação de pessoas com histórico de violência contra a mulher. Isso ajuda a criar um novo caldo cultural que constrange as pessoas que acham que podem agredir uma mulher no ambiente doméstico”, comentou.
Na opinião de Ângela, a construção da masculinidade, em muitos lugares e ambientes, é incentivada como a reafirmação de um perfil violento. “Hoje, o desafio é a construção de uma nova masculinidade, de uma paternidade mais ativa, mais amorosa e mais presente. Não se trata de ajudar, mas de ser uma tarefa dos dois (homem e mulher). Isso ajuda a construir um novo masculino, mais fraterno e mais atento”, salientou.
Ampliação da participação política das mulheres
“Nós somos a maioria dos que estão na fila dos postos de saúde, dos que perdem o emprego e a maioria dos votantes. Quando a política pública não se realiza, são as mulheres as mais prejudicadas. Por isso que quando a gente diz ‘mais mulheres no parlamento”’, significa empoderá-las. Esses eventos de hoje são importantes para sabermos que nós, mulheres, podemos nos inspirar e nos ajudar mutuamente, incentivando umas às outras a participar da vida política”, finalizou.
Fonte: Assembleia Legislativa – MA