O Maranhão tem reforçado a vigilância contra a Peste Suína Clássica (PSC) por meio de ações realizadas pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão (AGED/MA). Atualmente, o estado encontra-se na zona não livre da doença e, por estar próximo à região onde foram registrados casos da doença, segue ainda mais vigilante e adotando medidas preventivas, em especial no que diz respeito à vigilância epidemiológica dos rebanhos de suíno e de javalis existentes no estado, principalmente as criações de subsistência desses rebanhos.
Outras medidas preventivas também foram adotadas, tais como: intensificação das fiscalizações nas fronteiras com estados vizinhos que fazem parte da área não livre, em especial, com o Piauí; controle da origem e do destino dos suídeos que circulam dentro do estado e incremento das parcerias com entidades que atuam direta e indiretamente com a suinocultura, em particular com a Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão (AGERP).
Com o objetivo de manter a suinocultura livre da PSC, a AGED, através de seus técnicos, está reforçando a vigilância em propriedades de maior risco (criações de suínos, javalis e suas cruzas – javaporco), em barreiras fixas, em portos e pontões, em lixões, em estradas vicinais e junto a transportadores das espécies suscetíveis, evitando, assim, a entrada e/ou a movimentação de suídeos suspeitos de doenças ou oriundos principalmente dos estados do Ceará e Piauí.
A PSC, também conhecida como febre suína ou cólera dos porcos, é uma doença listada pelo Código Sanitário dos Animais Terrestres da Organização Mundial da OMS para a Saúde Animal (OIE) como sendo de notificação obrigatória no Brasil. A doença acomete somente suínos domésticos e selvagens, não sendo transmitida ao ser humano ou outras espécies, é muito contagiosa e frequentemente fatal aos suínos, podendo levar o produtor a ter grandes prejuízos econômicos.
A enfermidade é causada por um vírus RNA envelopado, que pertence à família Flaviviridae. A manifestação clínica depende da idade do animal e da virulência da cepa viral envolvida. Os sinais clínicos incluem: febre alta, prostração, hemorragia, falta de apetite, depressão, dificuldade de locomoção, manchas avermelhadas pelo corpo e conjuntivite. Animais acometidos com a peste suína clássica, após 10 dias do início dos sinais clínicos, poderão também apresentar constipação seguida por diarreia. A doença é de rápida propagação e alta mortalidade, podendo atingir 90% em animais jovens, enquanto em suínos mais velhos a doença pode ter manifestação discreta ou mesmo ser subclínica.
A contaminação da PSC dá-se das seguintes formas: alimentos ou água contaminados; animais infectados; veículos e instalações contaminados; contato com cadáveres de animais infectados; equipamentos contaminados, roupas e calçados de indivíduos que mantiveram contato direto com animais doentes ou em período de incubação da doença (em geral a incubação é de 4 a 6 dias, com um intervalo de oscilação de 2 a 20 dias).
A respeito dos focos, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), desde outubro de 2018, foram registrados 67 focos da Peste Suína clássica (PSC) nos estados do Ceará (49), Piauí (16) e Alagoas (2), na zona não livre da doença no país, e foram sacrificados 7.434 animais e 2.906 propriedades foram investigadas. Ainda de acordo com o MAPA, estão sendo adotados os procedimentos para eliminação do foco, com sacrifício e destruição dos suínos, e investigação epidemiológica para as propriedades situadas no raio de 10 km em torno do foco e todas as propriedades que possuírem algum vínculo epidemiológico.
Recentemente, no Maranhão, foi editada a portaria nº 180 de 2019, que normatiza os corredores sanitários para o trânsito de suínos oriundos estados focos. A exemplo desta portaria, a AGED adotou outros procedimentos sanitários: a elaboração e a confecção de panfleto informativo voltado à comunidade e a produtores rurais, focando sobre a necessidade da movimentação de suídeos com o uso da Guia de Trânsito Animal – GTA, bem como de um orientativo técnico para o Serviço Veterinário Oficial – SVO, sobre como proceder em uma vigilância ativa para doenças hemorrágicas e como coletar material para diagnóstico; realização de palestras educativas nas comunidades e propriedades rurais; distribuição de kits básicos de colheita de amostras biológicas para as 18 Unidades Regionais a serem utilizados em caso de suspeita de doenças hemorrágicas; envio de três (03) veterinários para dar suporte a equipe de foco de PSC do Piauí, como troca de informações e aprendizagem; aquisição de desinfetantes de uso específico para PSC e posterior envio para o Piauí, como apoio às ações de controle da PSC pela a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí (ADAPI).
Atualmente, parte do Nordeste e da Região Norte são considerados área não livre da doença. No Nordeste, só Bahia e Sergipe são considerados livres de PSC, uma doença que não é transmitida aos humanos, mas obriga a vigilância sanitária a eliminar os focos abatendo os rebanhos de áreas próximas à ocorrência.
Dentre as medidas preventivas da peste suína clássica, que podem ser seguidas pelo criador, tem-se: a separação das instalações nas diferentes fases de criação; a utilização de cercas adequadas que evitem a entrada de animais de outras propriedades; a realização de limpeza e desinfecção das mãos e das botas das pessoas que lidam com os animais, e das instalações e dos veículos que transportam animais; conhecimento da origem de animais adquiridos e quarentena dos mesmos. Não há tratamento para a doença, os leitões infectados devem ser eutanasiados e enterrados ou ter suas carcaças incineradas.
Uma nota importante e que representa um dos pontos críticos na introdução e na reintrodução da peste suína clássica em uma determinada região é o contato dos javalis com os suínos domésticos e a criação de subsistência de suínos sem nenhum controle sanitário e vigilância epidemiológica, principalmente quanto à origem e ao destino dos animais em trânsito dentro do estado e entre estados que fazem parte da área não livre de peste suína clássica. Nesse sentido, faz-se necessário o emprego de medidas sanitárias de prevenção do rebanho suídeo e adoção de projeto de educação sanitária para todos os partícipes da cadeia produtiva dos suídeos.
FONTE – AGED.MA.GOV.BR