‘Café com Notícias’ – Advogado e ambientalista aborda a qualidade do ar em São Luís

A qualidade do ar em São Luís foi o tema destacado no programa ‘Café com Notícias’ desta sexta-feira (1º), na TV Assembleia. O convidado foi o advogado e ambientalista Guilherme Zagallo, que começou analisando a informação de que o ar em São Luís entrou em situação de emergência 589 vezes somente no ano passado.

“Isso significa que nós já temos um índice de poluição tão intenso que isso já causa elevação da mortalidade, aumento de doenças, como bronquites, pneumonia, alergia, e perturba o sono das pessoas, com tosse. Isso piora muito a qualidade de vida da nossa população”, observou.

De acordo com Guilherme Zagallo, tudo isso já aparece em estatísticas de saúde, a exemplo de uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), no período de 2008 a 2018, que identificou as doenças respiratórias como a maior causa de morte na capital maranhense.

“Nós tivemos um aumento grande nesse período, que coincide com o crescimento da atividade industrial. Não é um empreendimento exclusivamente. Todos eles foram crescendo e, nesse crescimento, a sinergia dos impactos das emissões de poluentes desses empreendimentos, acabaram chegando a essa situação preocupante”, ressaltou.

Esse cenário, segundo ele, ocorre principalmente por causa da grande queima de carvão mineral em São Luís. “É necessário um monitoramento epidemiológico permanente dessas populações mais atingidas, para identificar se a causa (da morte) é natural, genética, ou se os fatores ambientais são predominantes ou impactantes para aquela situação”, disse.

Estações

Guilherme Zagallo relatou que, quando o Distrito Industrial solicitou sua Licença Ambiental para instalação, o Ministério Público do Maranhão (MPMA) exigiu que houvesse um monitoramento público, como já existe em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e outros estados. Em agosto de 2020, essa rede entrou em funcionamento.

O advogado e ambientalista detalhou que existem seis estações de monitoramento atualmente (Anjo da Guarda, Vila Maranhão, Estiva, Santa Bárbara, Vila Sarney e Pedrinhas), com previsão de chegar a 12 no total. Os dados são disponibilizados no site da Secretaria de Estado de Indústria e Comércio (Seinc), com atualização a cada 12 minutos, e podem ser acessados por qualquer cidadão interessado.

Guilherme Zagallo também ressaltou o agravamento do problema da poluição por conta das queimadas, do desmatamento e de outras atividades humanas que geram emissão de gases para a atmosfera.

As águas da Baía de São Marcos, de acordo com o ambientalista, também apresentam nível de contaminação preocupante, porque atingem os peixes e outros animais que integram a cadeira alimentar do morador da Ilha. Ele destacou, ainda, que nos dias 4 e 5 de dezembro haverá um seminário na UFMA para tratar sobre o tema a partir de dados de estudos científicos já realizados.

FONTE: ALEMA